O setor bancário nacional registou um crescimento acentuado da carteira de crédito, mas esse aumento não se traduziu em maiores lucros bancários.
Nos primeiros nove meses do ano, os cinco principais bancos portugueses alcançaram lucros conjuntos de 3.900 milhões de euros, valor ligeiramente inferior (-0.3%) ao do mesmo período do ano anterior.
A margem financeira, diferença entre os juros recebidos pelos empréstimos e os juros pagos nos depósitos, sofre forte pressão. As receitas totalizaram cerca de 5.100 milhões de euros, uma queda de 6% em termos homólogos, devido à política monetária mais suave do Banco Central Europeu.
Entretanto, a procura por financiamento voltou a revelar dinamismo. A carteira de empréstimos bancários cresceu cerca de 8%, com o crédito à habitação a disparar quase 10%, tendo já ultrapassado os 100.000 milhões de euros.
Grande parte desse aumento resulta da entrada dos jovens nas compras de casa, beneficiando-se de garantias estatais.
No que diz respeito aos depósitos bancários, o volume depositado pelos clientes ascendia a 237.000 milhões de euros, mais 5,7% do que no final de setembro de 2024.
Apesar de ser pago menos rendimento às poupanças, as famílias e empresas continuam a confiar nos bancos.
Quanto aos custos operacionais, estes cresceram cerca de 4%, para os 2.500 milhões de euros, mantendo-se o rácio cost to income abaixo dos 40%. Este nível consolida o posicionamento da banca portuguesa como uma das mais eficientes da Europa, apoiado por uma década de reestruturações.
Importa destacar que o aumento sustentado na concessão de empréstimos é um fator-chave para a evolução do setor bancário. A expansão da carteira de crédito funcionou como alavanca para o negócio, embora não tenha conseguido compensar totalmente as margens em queda.
Esse movimento mostra como os bancos procuram equilibrar entre captar e conceder financiamento e manter a rentabilidade face ao ambiente de juros mais baixos.
O crescimento nos empréstimos foi manifestamente vigoroso, mas os lucros da banca mantiveram-se praticamente estáveis. A banca portuguesa enfrenta o desafio de converter o volume crescente de financiamento num melhor desempenho financeiro, num contexto de taxas de juro pressionadas e custos controlados.