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Rafaela Guerra
Escrito por Rafaela Guerra

Licenciada em Contabilidade e Administração, sou especialista em gestão financeira e marketing. Procuro ajudar os leitores a acompanhar a atualidade e a melhorar a sua literacia financeira.

Habitação pressiona jovens e faz recuar equilíbrio entre gerações

O mais recente relatório sobre justiça intergeracional revela que a crise na habitação em Portugal provocou um agravamento significativo no equilíbrio entre gerações.

O mais recente relatório sobre justiça intergeracional revela que a crise na habitação em Portugal provocou um agravamento significativo no equilíbrio entre gerações. Segundo os dados divulgados em dezembro de 2025 pelo Institute of Public Policy (IPP), apoiado pela Fundação Calouste Gulbenkian, o índice global de justiça intergeracional (IJI) recuou de 0,50 em 2021 para 0,43 em 2023, numa escala onde 1 representa uma situação ideal.

O estudo “Que Futuro Deixamos Às Próximas Gerações? — Um Índice de Justiça Intergeracional para Portugal” destaca que dois domínios foram particularmente afetados: a habitação e a saúde. O indicador dedicado à habitação caiu drasticamente de 0,46 em 2019 para apenas 0,23 em 2023, refletindo o impacto da crise habiDtacional sobre a vida das gerações mais jovens.

Para compor o índice de habitação, os investigadores consideraram fatores como o esforço necessário para aceder a casa, o peso dos custos, as condições das habitações e a autonomia dos residentes. O coordenador do estudo, Paulo Trigo Pereira, sublinha que em Portugal é preocupante o elevado número de jovens até aos 35 anos que continua a viver na casa dos pais. Essa realidade, combinada com a relação desfavorável entre os preços das casas e os rendimentos, contribui decisivamente para a queda do índice.

O investigador lamentou o que classifica como “um certo fracasso nas políticas de habitação”. Afirmou que as medidas tomadas até agora não respondem à gravidade da situação do ponto de vista intergeracional. Defende que não basta construir algumas dezenas de milhares de casas. Para melhorar a justiça entre gerações, é necessário um conjunto coerente de políticas que aumentem a oferta habitacional, restrinjam a especulação com vistos gold e alojamento local, e promovam um mercado de arrendamento de longa duração mais robusto.

Este contexto enfatiza a importância de integrar a questão da habitação no debate sobre financiamento à habitação e crédito hipotecário. À medida que a acessibilidade se deteriora, torna-se mais urgente garantir mecanismos financeiros que permitam às gerações jovens aceder a casa própria ou a rendas acessíveis sem comprometer a sua estabilidade económica.