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Rafaela Guerra
Escrito por Rafaela Guerra

Licenciada em Contabilidade e Administração, sou especialista em gestão financeira e marketing. Procuro ajudar os leitores a acompanhar a atualidade e a melhorar a sua literacia financeira.

Fuga de talento jovem mantém-se apesar do otimismo oficial

Portugal continua a perder talento jovem apesar de algumas leituras otimistas divulgadas recentemente. A ideia de que a emigração de jovens qualificados está a diminuir ou a inverter-se não se confirma quando são analisados dados completos e rigorosos, dizem economistas que têm estudado o fenómeno.

Portugal continua a perder talento jovem apesar de algumas leituras otimistas divulgadas recentemente. A ideia de que a emigração de jovens qualificados está a diminuir ou a inverter-se não se confirma quando são analisados dados completos e rigorosos, dizem economistas que têm estudado o fenómeno. A narrativa sobre um saldo migratório positivo recente depende de fatores temporários como programas excecionais e não reflete uma mudança estrutural na saída de jovens e profissionais altamente qualificados.

Análises detalhadas mostram que muitos jovens continuam a emigrar em busca de oportunidades mais qualificadas e melhor remuneração no estrangeiro. Mesmo que o saldo migratório global aparente ser ligeiramente positivo nalguns anos, esse valor inclui estrangeiros que se estabelecem em Portugal e não traduz necessariamente um regresso ou uma retenção de talento português. Os dados sugerem que, quando se separa o que é nacional e o que resulta apenas de fluxos migratórios conjunturais, o movimento líquido de saída de jovens qualificados persiste.

Peritos sublinham que a economia portuguesa ainda não tem um perfil de especialização suficientemente elevado para reter estes profissionais em larga escala. A falta de oportunidades qualificadas no mercado interno e uma menor capacidade de competir com salários e condições profissionais oferecidos noutros países são apontados como fatores que mantêm o fenómeno do “brain drain” jovem.

Jovens com qualificações tendem a procurar meios de financiamento ou apoio financeiro que lhes permitam investir em formação ou projetos. A incerteza sobre as perspetivas profissionais em Portugal influencia a sua capacidade e vontade de contrair compromissos financeiros de longo prazo.

Termos como taxa de juro, capacidade de amortização e histórico de crédito tornam-se centrais nas decisões destes jovens, que muitas vezes ponderam se vale a pena assumir dívida num mercado com oportunidades limitadas. Ligando este contexto ao crédito pessoal ou empresarial, é fundamental perceber como as condições económicas domésticas afetam a confiança e a mobilidade dos jovens profissionais.

O debate sobre a fuga de talento jovem em Portugal tende a ganhar maior atenção pública à medida que se acumulam evidências de que a emigração qualificada não sofreu uma inversão dramática. Economistas e responsáveis políticos alertam para a necessidade de reformas profundas no mercado de trabalho, na educação e nas políticas de incentivo económico para que o país consiga reter mais dos seus jovens talentos no futuro.