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Rafaela Guerra
Escrito por Rafaela Guerra

Licenciada em Contabilidade e Administração, sou especialista em gestão financeira e marketing. Procuro ajudar os leitores a acompanhar a atualidade e a melhorar a sua literacia financeira.

Maioria dos imigrantes em Portugal está empregada, mas quase três em cada dez vivem em pobreza

Em Portugal, a maior parte dos imigrantes em idade ativa tem emprego, mas uma fatia significativa enfrenta situação de pobreza ou exclusão social, revela um retrato estatístico divulgado neste Dia Mundial dos Migrantes pela base de dados Pordata.

Em Portugal, a maior parte dos imigrantes em idade ativa tem emprego, mas uma fatia significativa enfrenta situação de pobreza ou exclusão social, revela um retrato estatístico divulgado neste Dia Mundial dos Migrantes pela base de dados Pordata.

Emprego e desemprego entre estrangeiros

Segundo os dados mais recentes, 76,5% dos estrangeiros residentes entre os 25 e os 64 anos tinham emprego no final de 2024, sendo esta taxa inferior à observada na população portuguesa do mesmo grupo etário, que se situa em 81,9%.

Por outro lado, a taxa de desemprego entre imigrantes é de 11,5%, mais do que o dobro do registado entre portugueses (cerca de 5%). Este padrão evidencia diferenças nos níveis de integração no mercado de trabalho e desafios persistentes na obtenção de emprego estável.

Desigualdades de género no emprego

Os dados também destacam desigualdades significativas entre homens e mulheres estrangeiros:

  • A taxa de emprego entre homens imigrantes é de 86,4%, enquanto entre mulheres é de 68,5%.
  • Entre portugueses, essa diferença é menos acentuada (84,7% nos homens e 79,3% nas mulheres).

Esta discrepância sugere que, além de barreiras gerais no mercado laboral, as mulheres imigrantes enfrentam obstáculos adicionais no acesso a empregos estáveis e melhor remunerados.

Pobreza e exclusão social

Apesar de uma maioria estar empregada, mais de um em cada quatro estrangeiros (28,9%) vive em situação de pobreza ou exclusão social, uma proporção quase 10 pontos percentuais acima da observada entre portugueses (19,2%).

Embora esta taxa seja inferior à média da União Europeia, onde cerca de 40% dos imigrantes enfrentam condições de pobreza ou exclusão,os números em Portugal ainda revelam um problema persistente de integração económica e social.

A situação económica descrita tem também impacto no acesso ao crédito, sobretudo para famílias imigrantes. Apesar de uma elevada taxa de emprego, rendimentos mais baixos e maior risco de pobreza dificultam o cumprimento dos critérios exigidos pelos bancos para crédito habitação ou crédito ao consumo, como a taxa de esforço e a estabilidade contratual. Esta realidade pode limitar o acesso ao financiamento e aumentar a dependência do mercado de arrendamento ou de soluções de crédito menos favoráveis.

Crescimento da comunidade estrangeira

O estudo da Pordata indica ainda que a população estrangeira em Portugal ultrapassou 1,5 milhões de residentes em 2024, um número que representa um crescimento expressivo nos últimos anos.

Este aumento reflete tanto a chegada de novos imigrantes como processos de atribuição de nacionalidade. Em 2024, mais de 20 mil residentes estrangeiros receberam a cidadania portuguesa.

Os números revelam um cenário com forte participação no mercado de trabalho, mas também com desafios persistentes em termos de qualidade de emprego e condições de vida. Apesar de muitos imigrantes estarem empregados, a combinação de desigualdades de género no trabalho e altas taxas de pobreza relativa sublinha a necessidade de políticas que promovam não só o acesso ao emprego, mas também a qualidade do emprego e a inclusão social.