O Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) admitiu que não está a conseguir dar resposta eficaz ao crescente número de beneficiários do Programa de Apoio Extraordinário à Renda (PAER).
Segundo dados apresentados, existem cerca de 50.000 pessoas com situação pendente, entre os 129.000 beneficiários ativos.
Em audiência parlamentar, o presidente do IHRU, António Benjamim Costa Pereira, classificou o cenário como “gravíssimo” e reconheceu falhas no desenho do programa. Disse ainda que muitos beneficiários começaram a receber apoios “sem saber como” e, em seguida, deixaram de receber “sem saber porquê”.
Movimentos cívicos e entidades de defesa da habitação têm manifestado forte crítica à lentidão do IHRU.
O Porta a Porta, por exemplo, denuncia atrasos que ultrapassam um ano, situação que afeta famílias por todo o país. A comunicação direta com o instituto, por telefone ou pela internet, “está inacessível”, obrigando muitos a deslocações presenciais apenas em Lisboa ou no Porto.
O IHRU justifica que o problema está no próprio PAER, cujos critérios são automatizados. Caso surja qualquer incongruência, o pagamento é suspenso, e o beneficiário é chamado a esclarecer a divergência. Admite-se ainda que os sistemas informáticos não comunicam entre si, o que impede uma atuação coordenada e rápida.
Face a esta realidade, cresce a pressão financeira sobre milhares de famílias, que veem os rendimentos reduzidos e as despesas fixas a aumentar.
Muitos portugueses recorrem ao crédito como solução temporária para pagar rendas e contas em atraso. Pode aliviar a curto prazo, mas também gerar riscos de endividamento. A procura por alternativas seguras e informação sobre gestão financeira torna-se, assim, essencial para evitar novos desequilíbrios.