Intermediação de Crédito
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Rafaela Guerra
Escrito por Rafaela Guerra

Licenciada em Contabilidade e Administração, sou especialista em gestão financeira e marketing. Procuro ajudar os leitores a acompanhar a atualidade e a melhorar a sua literacia financeira.

Procura de habitação continua acima da capacidade de construção

Procura de habitação continua acima da capacidade de construção

Em Portugal, estima-se que faltem entre 150.000 e 200.000 casas para responder à procura, enquanto o sector da construção avisa que a sua capacidade está “no limite”.

Recentemente, os promotores imobiliários alertaram para o facto de só cerca de 28.000 novas habitações estarem previstas para conclusão este ano. Um nível longe das cerca de 100.000 anuais registadas há duas décadas.

Os principais fatores desta crise da habitação incluem uma escassez grave de mão-de-obra no sector da construção, com uma estimativa de entre 80.000 e 100.000 trabalhadores em falta. Além disso, há reclamações de que a fiscalidade aplicada aos construtores e aos clientes pode representar até 40% do custo total dos empreendimentos.

Outro problema são os licenciamentos demorados e a falta de continuidade nas medidas de estímulo, que geram incerteza para investidores e dificultam aumentar a oferta habitacional.

Num cenário em que a procura ultrapassa claramente a oferta, o desequilíbrio tem reflexos em diversos segmentos: habitação para venda, para arrendar e reabilitação. A escassez de imóveis novos ou recuperados pressiona os preços e complica o acesso à habitação.

Esta dinâmica interliga-se naturalmente com o tema do crédito: quando há menos casas disponíveis e os custos de construção sobem, os montantes de financiamento ou os encargos associados aos contratos de aquisição acabam por ser maiores.

Quem procura habitação depende cada vez mais do empréstimo à habitação, o que torna essencial seguir a evolução das taxas de juro, das condições de acesso ao crédito e do contexto económico global.

Perante este panorama, o sector considera que as medidas anunciadas pelo Governo são ambiciosas, mas insuficientes para inverter a situação de curto prazo.

A redução da taxa de IVA para 6% em habitações até 648.000€, e de IRS para rendas “moderadas”, foi saudada, mas só produzirá efeitos daqui a um ou dois anos, segundo alguns promotores.

Até lá, a falta de infra-estrutura construtiva, aliada à elevada procura e a condicionamentos laborais e fiscais, mantém Portugal numa rota de pressão sobre a habitação e as condições de crédito associadas.