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Rafaela Guerra
Escrito por Rafaela Guerra

Licenciada em Contabilidade e Administração, sou especialista em gestão financeira e marketing. Procuro ajudar os leitores a acompanhar a atualidade e a melhorar a sua literacia financeira.

Incerteza nas leis trava entrada de mais casas no mercado de arrendamento

Incerteza nas leis trava entrada de mais casas no mercado de arrendamento

Num contexto de forte pressão sobre o mercado habitacional em Portugal, a maioria dos proprietários continua reticente em disponibilizar imóveis para arrendamento.

Segundo um estudo da Associação Lisbonense de Proprietários (ALP), 57,8% dos inquiridos apontam a previsibilidade das leis como fator decisivo para colocar ou não casas no mercado.

De acordo com os dados do barómetro, mais de metade (55%) afirma que as medidas anunciadas pelo Governo não são suficientes para os convencer a colocar casas no arrendamento. Apenas 29,4% admitem que o poderão fazer depois de conhecerem mais em pormenor o programa previsto.

Paralelamente, 52,4% dos proprietários expressam ceticismo quanto ao impacto real do “choque” prometido para resolver a crise habitacional.

No domínio da fiscalidade, cerca de 41% afirmam que as medidas fiscais de choque não alteraram a sua falta de confiança, e 9,4% dizem sentir-se ainda mais apreensivos após o anúncio. Por outro lado, apenas 12,4% veem o pacote como positivo.

A redução do imposto sobre rendimentos prediais, de 25% para 10%, é considerada “justa e necessária” por 46,6% dos proprietários.

Quanto aos rendimentos de arrendamento, quase 70% dos inquiridos indicam que vão limitar o aumento das rendas ao coeficiente legal de 2,24% no próximo ano, um sinal de prudência entre quem já disponibiliza imóveis para arrendar.

A maioria dos participantes são pequenos proprietários, que em cerca de 60% dos casos detêm até cinco imóveis.

Esta incerteza não afeta apenas a oferta de habitação, mas também o acesso ao crédito para habitação. Um ambiente de regras instáveis reduz a confiança dos investidores e pode limitar a concessão de financiamento para imóveis de arrendamento ou dificultar condições vantajosas em contratos novos.

Assim, a coerência legislativa e a previsibilidade tornam-se fatores essenciais para que o mercado funcione de forma equilibrada e para que os agentes financeiros avaliem com segurança os riscos e oportunidades do setor.

Em suma, os proprietários reforçam que sem estabilidade legislativa e regras claras, o mercado de arrendamento continuará marcado pela cautela. A confiança e a previsibilidade emergem como condições indispensáveis para que mais casas sejam disponibilizadas e para que Portugal avance no caminho de uma resposta sólida e duradoura à crise habitacional.