O ano de 2026 vai trazer uma série de aumentos de preços em bens e serviços essenciais que podem pesar no orçamento das famílias em Portugal. De acordo com uma compilação de previsões e anúncios de empresas e reguladores, muitos custos fixos e variáveis vão subir, em linha com a inflação e outros fatores económicos.
Alimentação mais cara no supermercado
A ida ao supermercado deve ficar mais onerosa no próximo ano. Alguns produtos como pão, peixe, carne e ovos vão subir de preço face à pressão sobre toda a cadeia de valor.
Segundo dados da Deco, o preço da caixa de ovos atingiu 2,12€, mais 31,7% do que no início de 2025.
A tendência em 2026 é de estabilidade ou ligeiro aumento caso ocorram choques como surtos de gripe aviária.
A Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição projeta que o preço do peixe e da carne de vaca poderá subir cerca de 6%, refletindo custos maiores ao longo da cadeia de abastecimento. Outros produtos alimentares como carne de porco, leite, azeite e café devem manter-se estáveis após anos de fortes subidas.
Rendas e habitação com pressões crescentes
Em 1 de janeiro de 2026, as rendas de casas arrendadas poderão subir até 2,24%, com base no coeficiente de atualização legal calculado a partir da inflação sem habitação. Isto significa que, num contrato de 500€, a renda mensal pode aumentar cerca de 11€.
A atualização anual das rendas é uma prerrogativa dos senhorios e não obrigatória, mas constitui um ajuste que tende a refletir a variação dos preços registada pelo Instituto Nacional de Estatística.
Além disso, quem tem crédito à habitação poderá ver a sua prestação mensal aumentar, uma vez que a Euribor, índice ao qual estão indexados muitos contratos, tem tendência de subida.
O Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) para casas novas ou reconstruídas também vai aumentar, com o valor médio de construção por metro quadrado a subir de 665€ para 712,5€, impactando a avaliação fiscal dos imóveis.
Seguros de saúde e outros serviços financeiros
Os custos com seguros de saúde privados vão subir de forma expressiva em 2026, com previsões de aumentos em torno de 10%, muito acima da taxa de inflação projetada para o ano. Este incremento reflete fatores como o aumento dos custos médicos e a maior utilização dos serviços de saúde.
Esta tendência, além de influenciar o custo do seguro em si, pode também afetar o orçamento familiar disponível para outros gastos essenciais ou para poupança.
Comunicações e serviços digitais com reajustes
As principais operadoras de telecomunicações confirmaram que Meo, Vodafone e Nos vão atualizar preços de serviços em 2026 conforme as condições contratuais e a taxa de inflação.
A Meo anunciou a atualização dos preços de vários serviços, excetuando alguns focados em segmentos específicos como o digital Uzo e Moche.
A Vodafone aplicará a atualização contratual prevista para janeiro de 2026, limitada à inflação acumulada prevista para 2025.
A Nos indicou que, após ter absorvido efeitos da inflação no último ano, realizará um ajuste em alguns serviços para 2026, alinhado com a variação geral de preços.
Energia e transportes também sobem
As tarifas reguladas de eletricidade vão subir cerca de 1% em janeiro de 2026, segundo a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos. Este aumento poderá representar cerca de 0,18€ a 0,28€ mais por mês nas faturas de eletricidade para famílias, dependendo do consumo e da potência contratada.
Os preços de bilhetes de comboio também vão aumentar em média 2,26%, conforme a nova tabela divulgada pela CP, com viagens como o Alfa Pendular entre Lisboa e Porto a custar mais em 2026.
Custo de correio vai subir em fevereiro
Os CTT vão aumentar os preços do correio regulado em média 6,20% a partir de 2 de fevereiro de 2026. Este ajuste dos serviços postal universal foi aprovado pelo Governo e segue a fórmula automática em vigor, embora seja inferior ao aumento aplicado em 2025.
Impacto no orçamento das famílias
O conjunto de aumentos previstos para 2026, desde alimentação e renda até energia, seguros e comunicações, tende a pressionar o orçamento das famílias portuguesas.
Algumas destas subidas vão além da inflação média estimada para o ano, refletindo tendências específicas dos setores e aumentos de custos ao longo das cadeias de valor.
Em 2026, os consumidores vão sentir diferenças nos seus gastos mensais, o que torna importante planear o orçamento familiar com base nestas projeções de preços e ajustar despesas essenciais conforme necessário.