A avaliação bancária das casas em Portugal atingiu um novo máximo histórico em novembro de 2025, com os bancos a atribuírem 2.060€ por metro quadrado às habitações avaliadas no âmbito de pedidos de crédito. Os dados foram divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e revelam uma forte valorização em termos homólogos e mensais.
Este valor representa uma subida de 18,4% em relação a novembro de 2024, acelerando face à variação observada no mês anterior, e reflete a contínua pressão do mercado imobiliário sobre os valores considerados pelas instituições financeiras no processo de crédito habitação.
Crescimento em todas as regiões
A subida homóloga foi generalizada em todas as regiões do país, embora com algumas diferenças regionais. A Península de Setúbal destacou se com o maior crescimento anual da avaliação bancária, cerca de 26,9%, enquanto a Região Autónoma dos Açores registou o maior aumento mensal face a outubro.
Nos apartamentos, o valor mediano de avaliação bancária chegou aos 2.389€ por metro quadrado, um aumento de quase 23% em comparação com o ano anterior. As zonas com valores mais altos foram a Grande Lisboa e o Algarve, com 3.143€ e 2.772€ por metro quadrado respetivamente.
Para as moradias, o valor mediano foi de 1.500€ por metro quadrado, refletindo uma subida de cerca de 13,6% em termos homólogos. Também aqui a Grande Lisboa e o Algarve registaram os valores mais elevados, enquanto o Centro e o Alentejo ficaram aquém da média nacional.
Mais avaliações e contexto de mercado
No total, foram consideradas 36.282 avaliações bancárias realizadas em novembro, um número 7,1% superior ao registado em outubro. Apesar do recorde de valores, esse total representa uma diminuição de 2,4% em comparação com o mesmo mês de 2024.
O aumento contínuo da avaliação bancária ocorre num contexto em que os preços de compra e venda das casas em Portugal têm vindo a subir de forma significativa ao longo do ano, resultado de forte procura e de uma oferta habitacional ainda limitada.
Importância da avaliação bancária no crédito habitação
A avaliação bancária é um passo essencial no processo de crédito habitação. Antes da concessão do empréstimo, os bancos estimam o valor real do imóvel através de peritos avaliadores, um procedimento que influencia diretamente o montante que a instituição está disposta a financiar.
Em regra geral, os bancos concedem empréstimos até 90% do menor valor entre o preço pedido pelo vendedor e o valor da avaliação.
Quando o valor da avaliação sobe de forma significativa, como acontece agora, isso pode impactar as condições de financiamento. Em alguns casos, uma avaliação mais elevada pode facilitar uma maior concessão do crédito, pois o valor dos imóveis usados como garantia aumenta.
Por outro lado, se o preço de mercado supera consistentemente o valor da avaliação, as instituições podem tornar se mais cautelosas na aprovação de crédito e na definição de spreads.
Tendência de máximos sucessivos
Esta tendência de máximos sucessivos na avaliação bancária vem sendo observada desde 2024 e ao longo de 2025. Os dados anteriores mostraram que o valor mediano do m2 vinha aumentando de forma consistente, com recordes sucessivos em vários meses, refletindo a dinâmica do mercado imobiliário e a evolução dos preços de compra de casas.
O contexto económico mais amplo do setor residencial, com procura sustentada e fraca oferta em muitas zonas do país, continua a influenciar tanto os preços como as avaliações bancárias. Esta dinâmica é um dos elementos que molda as decisões de compra e de financiamento de habitação por parte das famílias portuguesas.