Se está a pensar subscrever um produto de poupança ou contratar um crédito, é fundamental que tenha uma noção geral sobre juros. Antes de mais, é necessário compreender que os juros representam o preço do dinheiro. Digamos que é um custo que está associado à utilização do capital, seja por via do crédito, seja nos depósitos a prazo. Neste último caso, existem dois tipos de juros que importa conhecer, os juros simples e os juros compostos.
Nos depósitos a prazo com juros simples, a comparação entre a remuneração de diferentes depósitos a prazo deve ser feita com base na TANB (Taxa Anual Nominal Bruta). Já nos depósitos a prazo com juros compostos, a comparação deve ter em conta a TAE (Taxa Anual Efetiva), que inclui o efeito da capitalização dos juros.
Porém, para calcular os juros que efetivamente capitalizará, deverá ter em consideração a TANL (Taxa Anual Nominal Líquida) e a TAEL (Taxa Anual Efetiva Líquida), uma vez que estas taxas já têm em consideração a retenção de impostos.
Assim sendo, para comparar ou encontrar os melhores depósitos a prazo, aconselhamos a análise detalhada de cada uma destas taxas de juro, até porque os depósitos a prazo não são todos iguais.
Taxas de juro: conceitos que deve conhecer
De acordo com o Portal do Cliente Bancário, cuja gestão é da responsabilidade do Banco de Portugal, “a remuneração de um depósito a prazo – juros – depende da taxa de juro que a instituição de crédito pratica nesse depósito, do montante aplicado, do prazo do depósito e da taxa de imposto que incide sobre os juros pagos pela instituição”.
Deste modo, tenha sempre em consideração os seguintes aspectos para capitalizar ao máximo a sua conta poupança.
TANB
A taxa de juro dos depósitos a prazo é designada de Taxa Anual Nominal Bruta, dado que é:
- Taxa anual – representa a remuneração do depósito para o período de 12 meses (ou numa relação de proporção sobre esse período)
- Taxa nominal – uma vez que não varia em função da inflação
- Taxa bruta – não considera o imposto que incide sobre os juros
- Taxa de juro simples – não considera a capitalização de juros que possam ser pagos ao longo do período do depósito
TANL
A Taxa Anual Nominal Líquida contempla a retenção de impostos e corresponde aos juros que, na qualidade de subscritor de um depósito, efetivamente recebe.
Ainda de acordo com o Portal do Cliente Bancário, os juros pagos pelas instituições de crédito relativamente aos depósitos à ordem ou a prazo estão sujeitos ao pagamento de impostos.
Se o depositante for uma pessoa singular, aplica-se a taxa do imposto sobre o rendimento das pessoas singulares (IRS), a saber:
- 28% para as pessoas singulares com domicílio fiscal em Portugal continental e na Madeira
- 22,4% para as pessoas singulares com domicílio fiscal nos Açores
No caso de empresas, aplica-se a taxa do imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas (IRC):
- 25% para as empresas com domicílio fiscal em Portugal continental e na Madeira
- 20% para as empresas com domicílio fiscal nos Açores
Juros simples
Os juros simples, os mais comuns nos produtos de poupança, não são mais do que o resultado de multiplicar o capital investido pelo valor da taxa de juro.
Juros compostos
Já os juros compostos são cumulativos – são juros sobre juros. Quando os depósitos a prazo permitem que haja capitalização de juros, os juros simples obtidos em cada período são adicionados ao capital inicial, constituindo, assim, um novo capital (maior que o inicial), que também vai ser remunerado.
Exemplo de aplicação de juros compostos
Para demonstrar este efeito cumulativo dos juros compostos, o Portal do Cliente Bancário apresenta um exemplo elucidativo para um depósito de 2500 euros a 2 anos, com pagamento anual de juros à TANB de 3%:
1. No fim do primeiro ano
- Juro = 2500 × 0,03 =75 €
- Juro (líquido – já com a retenção do imposto de 28%) = 0,72 × 75 = 54 €
Este primeiro pagamento é igual, quer os juros sejam simples, quer sejam compostos.
2. No fim do segundo ano
Juros simples:
- Juro=2500 ×0,03 =75 €
- Juro (líquido)=0,72 ×75= 54 €
Juros compostos:
- Capital = 2500 + 54 = 2554 €
- Juro = 2554 × 0,03 = 76,62 €
- Juro (líquido) = 0,72 × 76,62 = 55,17 €
3. Nos dois anos
- Juros simples: Juros recebidos = 54 + 54 = 108 €
- Juros compostos: Juros recebidos = 54 + 55,17 = 109,17 €
TAE
No exemplo apontado, poderá verificar que receberá mais 1,17 euros no caso dos juros compostos. Ainda assim, é de sublinhar que, nas poupanças a longo prazo, os juros compostos poderão ser bastante vantajosos, pois a Taxa de Juro Efetiva (TAE) será tanto maior quanto maior for o número de capitalizações de juros.
Dica importante
Se o seu depósito a prazo for automaticamente renovável no final do prazo do depósito, não se esqueça de estar atento à taxa de juro que a instituição financeira aplicará no momento da renovação do mesmo.
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