Portugal atingiu um momento decisivo na sua avaliação de risco de crédito. O país evoluiu do estatuto de “lixo” para nota A, alcançada pelas principais agências de rating, fruto de anos de controlo orçamental e redução da dívida pública.
Atualmente, a DBRS classifica a dívida soberana como A(elevado), a Moody’s mantém A3 e a Fitch atribui A-, com revisão marcada para 12 de setembro. Já a S&P elevou o rating de “A” para A+ a 29 de agosto, apenas seis meses após uma subida anterior.
A S&P destacou o ambiente internacional incerto, mas salientou que a economia portuguesa deverá registar excedentes moderados. A melhoria das métricas financeiras externas e a desalavancagem significativa da economia foram determinantes na decisão. O crescimento económico no segundo trimestre foi de +0,6%, recuperando da contração de -0,4% do trimestre anterior, impulsionado pelo consumo privado e pelo turismo. A agência reviu ainda a perspetiva para “estável” e sublinhou que a dívida continuará a diminuir até 2028, ainda que a um ritmo mais lento.
Em comunicado, o Ministério das Finanças realçou que esta melhoria resulta da política orçamental prudente e sólida, alinhada com a perspetiva de atingir um excedente orçamental este ano.
Note-se que, no momento da subida pela S&P, apenas nove países da zona euro tinham rating superior ao de Portugal (Alemanha, Luxemburgo, Países Baixos, Áustria, Finlândia, França, Irlanda, Bélgica e Eslovénia), enquanto Espanha e Itália apresentam classificações mais baixas.
A trajetória de recuperação começou em setembro de 2017, quando a S&P tirou Portugal do estatuto de “lixo”, subindo o rating de BB+ para BBB-. Em dezembro de 2017, a Fitch seguiu o exemplo, de BB+ para BBB, e a Moody’s fez o mesmo em outubro de 2018, para Baa3.
Em 2017, a dívida pública estava nos 126 % do PIB e o défice orçamental fixava-se nos 3 % do PIB. Recentemente, no primeiro trimestre de 2025, a dívida pública situou-se em 96,3% do PIB e registou-se um excedente orçamental de 0,2%.
Esta evolução fortalece a confiança dos mercados e torna o país mais atrativo para investimento e expectativas altas para as condições de crédito.