Uma nova sondagem revela que 64% dos portugueses apenas consegue reservar menos de 10% do seu salário líquido para poupança, enquanto 36% mal consegue poupar 5%, segundo um estudo da Boston Consulting Group (BCG).
O inquérito foi realizado em Portugal continental, junto de 1.000 pessoas, durante o mês de agosto de 2025.
Os resultados mostram ainda que apenas 18% dos inquiridos consegue poupar entre 10% e 20% do rendimento, 8% consegue entre 20% e 30% e apenas 2% poupou mais de 50%.
Estes dois últimos valores mantêm-se praticamente inalterados em relação ao ano anterior, o que demonstra que o esforço de poupança continua limitado.
A pressão sobre o poder de compra é evidente: 58% dos portugueses sentiram aumento nos gastos com alimentação, 36% com saúde e farmácia, 35% com o automóvel e 35% com a renda da habitação.
Estas despesas elevadas reduzem a capacidade de canalizar parte do rendimento para futuros objetivos financeiros ou reforço da poupança.
Este cenário tem impacto direto na relação dos portugueses com o crédito, sobretudo no crédito à habitação e no crédito pessoal. Com a subida das taxas de juro e o aumento do custo de vida, muitos agregados veem-se obrigados a renegociar prestações ou a recorrer a soluções de financiamento para cobrir despesas urgentes.
A ausência de uma reserva financeira torna-se um fator de risco, dificultando o pagamento regular de prestações e aumentando a vulnerabilidade em caso de imprevistos.
A criação de hábitos de poupança e a gestão responsável do orçamento podem ser determinantes para evitar o sobre-endividamento e garantir estabilidade a longo prazo.
Apesar das dificuldades, 60% dos que conseguem poupar destinam esse valor a imprevistos, 40% à reforma e 31% a viagens. O perfil geral continua conservador, com a maioria a preferir opções de baixo risco.
O estudo evidencia, assim, a necessidade de reforçar a literacia financeira e promover estratégias que ajudem as famílias portuguesas a equilibrar a poupança, o investimento e o uso consciente do crédito.